1 de dez. de 2010
A Jihad Carioca (9 anos depois...) Jorge E.
Originalmente publicada em 2001 no site da F.U.G.A.
Entre os preceitos básicos da Suna, o livro onde se encontram as bases da tradição muçulmana, está a djihad. Por muitas vezes mal compreendida, a djihad ou simplesmente jihad pode ser realmente traduzida como “Guerra Santa”. Segundo se lê e se informa, há duas maneiras de se fazer a Guerra Santa preconizada pelo Profeta: A “Grande Jihad” ou luta contra o ego, e a “Pequena Jihad”, que é a busca de persuasão do infiel aos caminhos do Profeta. No Islamismo, idolatria é adorar como se fosse Deus algo que não é Deus. Neste sentido, a egolatria é uma das formas mais condenáveis de idolatria e a Grande Jihad volta-se a dar combate a esta forma de idolatria. A “Pequena Jihad” busca, principalmente pela persuasão, mas a força se necessário, proteger e trazer novos crentes para o Islã.
2001, América Latina, Rio de Janeiro...
Sem profetas, mas com suas origens definidas em Guerras sem Fim contra o Sistema corrupto que financia o Narcotráfico e ao mesmo tempo se diz defensor da moral e dos bons costumes. Os morros cariocas e sua legião de crentes, fazem a sua Jihad particular contra os infiéis. Como grupos extremistas do oriente médio e suas cédulas criadas e treinadas pelo próprio inimigo Americano, os morros cariocas assumem um papel de religião ao tráfico também sendo financiada por seus inimigos burgueses e anti-pobres.
Hoje em dia os morros se tornaram templos em que os moradores, ora são protegidos, ora são submissos. Como em cultos de igrejas evangélicas corruptas.
Há um respeito ao morador, um respeito a comunidade. Pois o tráfico só vive se a comunidade "permitir". Nas entrelinhas é assim que funciona. Mas na prática a coisa pode ser diferente. Há um certo ar de terrorismo-honesto em certas atitudes de seus lideres que retratam exatamente isso.
Havia em um morro carioca um traficante chamado Marcinho VP, que vinha de uma linhagem de fundadores do Comando Vermelho. Ele era o símbolo de uma Jihad Carioca. Tinha um ideal, que por muitas vezes contradizia com sua condição de dono da boca. Um visionário que entre confrontos com a polícia, mortes e “desenroles” pensava e alvejava um futuro melhor para sua comunidade. Morreu preso, assassinado pelos próprios companheiros de organização, que o acusaram de delatar detalhes da quadrilha para um jornalista famoso.
Mas como na Resistência Islâmica há sempre a continuação da luta, ele logo foi substituído. Assim como os homens-bombas são treinados desde a sua infância para entregar sua vida em prol de um dogma secular, que é a rendição ao pai do céu e se tornar um mártir, um homem santo. O tráfico também recruta seus sucessores em larga escala, tudo em carreiras que vão de “aviãozinho” a “linha de frente” sempre obedecendo a hierarquia da boca.
O paralelo existe, é provável que um dia se caracterize mais pelo fato do mundo estar se globalizando, e globalização é universal, ou seja, se globaliza tanto costume bom, como costume ruim. Pode se criar em breve um Ayatolá-Beira Mar ou um Mohammed-VP, quem sabe! Tudo dependerá de qual Guerra Santa você vai fazer parte.
Na Guerra pela Santa Paz? Pela Santa Comida? Pelo Santo Dinheiro? Ou simplesmente pela Guerra Santa de estar vivo mais um dia?
"...eu vejo na televisão, a tropa invadindo o complexo do alemão, eu vejo nos jornais, novas notícias de guerras mortais eu vejo muita corrupção..." (Letra de O que eu vejo do Ponto de Equilíbrio.) Escrita e gravada bem antes dos últimos fatos ocorridos no Rio.
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