17 de mai. de 2011
Racismo em Salvador (Jorge E.)
Racismo em Salvador
Por: Jorge E.
Revisado por: Monalisa Pontes
Eu conheço Salvador (SSA) um pouco mais que os milhares de turistas que só vão à cidade para curtir o carnaval e sair no bloco do “Chiclete com Banana”. Conheço a capital baiana, além da corda que separa as pessoas que tem dinheiro das que não tem, para vestir o abadá e sair atrás do trio que rasga a avenida Sete, no centro.
A essência da Bahia se mistura entre os gringos, paulistas, cariocas e alguns baianos que pagaram durante o ano inteiro o carnê para estarem lá e se confundirem com o resto do mundo. Mas poucos percebem o principal: a desigualdade é escrachada, ela está ali para que todos vejam. Uma simples corda nivela um ser do outro. O rico do pobre, o branco do negro acentuando a desigualdade.
E no Pelourinho?
Lá a raça é exaltada, é bonito ver tudo aquilo. É o lugar onde a cultura negra é valorizada. Mestre Pastinha, Bimba, candomblé, afoxé, as típicas baianas - o número ali fica justo - são 80% negros em Salvador mesmo! Ali, você vê o resultado e a ilusão de um povo forte, consciente, mas que na verdade é oprimido e sem perspectiva de futuro.
Você percebe o resultado da luta e da derrota na batalha.
Eu, às vezes, sentava na frente da sede do Gandhi, observava as pessoas passando e pensava: Isso sim é o Brasil verdadeiro! A diversidade racial, cultural e regional me saltava os olhos!
Siga meu conselho, quando visitarem Salvador, desça o Pelourinho e, se você conseguir, passe pela polícia - que faz uma barreira humana impedindo qualquer turista de dar um passo a diante. Vá, se conseguir e constate a miséria, a fome e a violência.
No Pelourinho tem crack, sabia? Mas você jamais verá!
No Pelourinho tem criança desnutrida, sabia? Mas você jamais verá!
No Pelourinho tem miséria, sabia? Mas você jamais verá!
E assim, desse jeito, a Salvador continua linda e cantada na voz de Dorival Caymmi...
Siga depois meu roteiro e vá de ônibus até Santo Inácio (bairro de Salvador), de uma volta no Candeal, suba a Palestina, passe uma tarde em Itapuã e tente achar na Baixa do Sapateiro a morena mais frajola da Bahia (como na canção) no meio dos camelôs.
Desça em Feira de Santana, venha de Aracajú até Salvador de carro.
Faça este trajeto que em três ou quatro horas de carro e você verá que o chamado racismo institucional é luxo!
Você vai ver gente pobre, excluída, sem comida, sem emprego, sem futuro. Vai ficar surpreso com o amontoado de zumbis! É triste! É chocante! É deprimente!
Acho que o racismo institucional que a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU), a Organização das Nações Unidas (ONU) ou quem quer que seja espera combater, deve ser acompanhada por uma ação de “contenção de genocídio”. Ou seja, contenha o extermínio primeiro e depois combata o tal Racismo Institucional.
Uma ação contra o “Racismo Institucional” é sempre válida lógico! Mas ainda não acaba com problema nenhum, é mais uma ilusão de carnaval.
O povo está morrendo de fome e ninguém vê! Se morreram na chuva, então “toma” 100 mil dólares! Financiamento britânico? “Toma” mais dois milhões! E o mais engraçado é que você desce no aeroporto Eduardo Magalhães, caminha pela Avenida Antonio Carlos Magalhães, passa pelo viaduto ACM e tudo vira uma festa “AC-êmica” no final das contas!
Dinheiro pra conter o racismo onde o “...objetivo é criar mecanismos de promoção da igualdade racial na cidade de Salvador...” . Isso não é real, isso é para inglês ver!
Deixo claro que não sou contra esse tipo de projeto!! Mas se 80% da população é negra (segundo dados oficiais do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a maioria está na miséria, sendo dizimada pela fome - é mais apropriado que essa verba seja usada na contenção de um problema grave e de caráter humanitário.
Torno pública minha postura “anti verba gringa” nesta coluna a partir de hoje.
Sou contra a glória com que essa “esmola” é tratada no Brasil. Alguma coisa nós teremos que dar em troca, pode crêr nisso!
Que tal a Amazônia? JAMAIS!!!
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E não só na Bahia...todos os lindos estados do Norte e Nordeste sofrem com isso. Estive recentemente em Alagoas e me espantei em saber que falta água potável por lá! Como assim???Precisamos deixar de ver estas regiões só como estadias para nossa lindas férias e carnavais!Precisamos olhar com outros olhos...
ResponderExcluirIngrid Otto