4 de mai. de 2011
De onde vem a Favela (Jorge E.)
De onde vem a Favela
Por: Jorge E.
Revisado por: Monalisa Pontes
Você sabia que o nome “Favela”, tipo de aglomeração urbana da qual a Rocinha é a mais famosa, tem muito a ver com a história de Canudos?
Vamos lá, um pouco de história sempre é bom:
"...Depois do término da luta contra Antonio Conselheiro e seus fanáticos, no sertão da Bahia, soldados das tropas federais que voltaram para o Rio instalaram-se num morro da então capital federal, chamando-o de Morro da Favela. O nome foi tirado do Alto da Favela ou Morro da Favela, elevação situada em frente ao Arraial de Canudos. Neste local, os soldados tomaram posição durante a campanha contra os adeptos de Antonio Conselheiro. Favela é um arbusto do sertão nordestino que existia em abundância no acampamento das tropas, no interior da Bahia. Segundo várias fontes, a primeira favela brasileira foi a da província, no centro do Rio, hoje com mais de 108 anos e mais de 3 mil moradores. A mais conhecida, porém é a da Rocinha, um mito brasileiro. Embora se exagere no número de moradores, o censo de 2000 lhe atribuiu pouco mais de 50 mil habitantes. Resultado da divisão em chácaras da Fazenda Quebra-Cangalha, tornou-se, por volta de 1930, o centro fornecedor de hortaliças para a feira da praça Santos Dummont, que abastecia a zona sul do rio. Aos fregueses mais curiosos, os fornecedores explicavam que os legumes vinham de uma ROCINHA situada no alto da Gávea..."
Historicamente falando está explicado a origem da Favela, acho que você entendeu tudo né? Fato bem brasileiro, dar “nomezinhos”, aos “lugarzinhos”!
Mas a Favela pode vir de outros fatores menos pitorescos como um arbusto em Canudos. Favela na definição atual vem do descaso, da falta de vergonha na cara, da desonestidade, da podridão de um sistema único de “porcos engravatados” chamado Governo. É mais fácil, mais barato e mais eficaz amontoar o povo em buracos, beiras de córregos, morros e viadutos, do que proporcionar uma vida mais digna para a massa que vota neles. Vi a Favela da minha rua crescer, acompanhei desde o primeiro barraco até ela se tornar um gigante sem entrada e nem saída, uma cidade se formou onde antes eu jogava bola, soltava pipa e brincava até tarde da noite.
No começo você faz amizades, mesmo porque eram outros tempos, eram tempos menos embrutecidos pela violência urbana, minha casa lotava de moleques pra jogar bola no quintal, era outra vida, outro clima. Era um clima de paz, não tinha essas coisas que tem hoje em dia. Tínhamos livre acesso, o asfalto e o chão de terra não limitavam nada e eles também se misturavam, era como tinha de ser. Mas um dia o crime chegou e com ele as mortes, as linhas começavam a ser traçadas e nos dividiram por classe social. Que na verdade nem era tanta diferença assim. A humildade deu lugar a desconfiança e os muitos amigos que tinha acabaram sucumbindo a tentação do crime, do dinheiro fácil e sumiram. Eu também já me iludi um dia desses do passado, mas soube perceber e correr pelo certo. Voltei a tempo!
Ainda tenho amigos por lá, mas Favela é assim, a rotatividade do crime faz você ver um rosto diferente a cada dia, eu não conheço mais os “linhas de frente” como antes. Fico da laje da minha avó vendo os moleques, cada dia mais novos e mais violentos. Me vêem como inimigo ou talvez como cliente se eu descesse pra comprar droga com eles. É estranho! Um lugar tão próximo de mim ter se tornado tão distante. Uma vez fomos gravar um clipe da minha banda (Pânico Urbano) lá na Favela de casa, “porra” foi legal eu rever o pessoal, foi bom eu ter entrado lá de novo e ver que tirando a rotatividade do crime as pessoas que eu cresci ainda estavam ali e ainda há aquele respeito de antigamente, de entrar pedindo licença, pedir a benção aos mais velhos, de abraçar os irmãos ver os filhos deles, as famílias deles e perceber que eles sobreviveram ao sistema demônio que te abraça cada dia mais te fazendo perder as forças pra lutar.
Essa coluna eu dedico a Rua Calidassa de Fé, (pois foi ali que eu aprendi que ser bandido num era minha cara) , a Favela do Riacho Doce, Pontinha, Vila Aparecida. Todos meus parentes e amigos que fazem parte da história da minha vida!
Muito Obrigado a todos vocês!
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É isso ai irmão quanto mais informação, melhor veremos as coisa.
ResponderExcluirÉ sempre bom aprender coisas novas!!!
ResponderExcluirTrabalhei na área da educação por 10 anos, e acompanhei de perto o cenário da favela, dei aulas em um colégio na boca da favela, eu tinha alunos filhos de presidiário,um deles o pai esteve preso no carandiru, de prostitutas,de chefe da boca do tráfico, mais tinha também filhos de trabalhadores... povo sofrido que queriam que seus filhos tivessem uma história diferente da deles...
Com oportunidades.... ouvi tantas histórias, dei tantos conselhos, sofri, sorri, ganhei, perdi, mas foi bom, bom demais estar por lá para poder ajudar, trazendo informação....
Para poder aprender!!!
No mesmo período em que dava aula neste colégio, também dava aula em um colégio privado para filhos de artistas, empresários, diretores de multinacionais...alunos que vinham acompanhados de segurança...
Imaginem como a minha cabeça girava neste tempo...
Hoje parte do que sou devo a este povo que me ensinou a ver os dois lados da moeda!!!!
Isso é BRASIL.... é o mundo....
Valeu Jorge, excelente a sua coluna...
Só quem teve um passado, reescreve com propriedade seu futuro. Peço que Acessem o Video da Professora Amanda Gurgel no youtube e conheçam a Verdadeira, Vergonhosa e Vexatória situação do ensino e dos professores do nosso País. E vocês sabem o que o governo acha de tudo isso? Eu mesma lhes respondo meus caros...Nós vivemos no País dos ouvidos e olhos tapados. Em que as únicas palavras que sabemos proferir são: YES, MR. PRESIDENT. NÓS TEMOS BANANAS!
ResponderExcluirmeu Salve...