Simpatia, quase amor... (Jorge E.)

Simpatia, quase amor...
Por: Jorge E.
Revisado por: Monalisa Pontes
Tradução: Andrea Limeira

Como escrever sobre uma paixão? A paixão pelo carnaval!
Esssa paixão que algumas pessoas tem pelo carnaval é algo indescritível e imperceptível a olhos e ouvidos nús. Vou tentar descrevê-la e dismistificá-la em palavras, mas de antemão te digo que para entender completamente você precisará estar, desfilar, ouvir, suar, sambar, sentir e fazer parte do maior espetáculo da terra!
Meu histórico de carnaval me valida, "eu acho": 6 vezes Filhos de Gandhy em Salvador, mais 5 anos de Ala de Compositores do Vai-Vai e mais 1 ano no Salgueiro. Mas não são os números e sim o como e o porque ser e estar lá. Carnaval pra mim é magia, é sonho, cor, luz e sentimentos. É transformação e nivelação social, é o catador de papelão da Bela Vista, impecavél em sua fantasia da bateria na mesma condição do advogado que toca o mesmo instrumento que ele. É o arrepiar dos pêlos na ladeira do Pelourinho atrás do Gandhy, o som do arrastar das sandálias de 15 mil cavaleiros de Oxalá em um cortejo único. É o choro incontrolável do apaixonado ao entrar na Marquês de Sapucaí pela primeira vez na vida depois de 33 anos, depois de um ano foda, é um sonho impossível se realizando, é fazer parte de algo maior! É o Cristo Redentor lá em cima iluminado de verde e rosa saudando a “Estação Primeira”. É a velha guarda que emociona, as baianas com mais de 70 anos rodando felizes com suas rendas, sorridentes e incansáveis. É o amor por algo inexplicável. É se dar, se comprometer. É ouvir as histórias do Mestre Penteado, os esporros do Mestre Tadeu, um samba enredo de Martinho da Vila, é uma doação carnal e astral.
Carnaval pra mim é tudo isso e muito mais, é uma história de amor!
É largar compromissos, ficar na chuva pra ver um ensaio técnico na Sapucaí, decorar todos os sambas de enredo de todos os anos, ir a todos os ensaios de todas as escolas...Saber de samba, discutir samba, falar de samba, respirar samba.
Quem é de carnaval sabe e sente isso. Não importa a escola, o bloco de rua, a entidade, onde, quando e nem porque. Nós sabemos e somos felizes fazendo parte do maior espetáculo da terra.
Já escrevi sobre o carnaval real, sobre a luta do bem contra o mal em blocos podres, cordas que nivelam seres humanos e baladas carnavalescas sem sentido. Escrevi sobre drogas em passeatas carnavalescas da UNE e sobre um carnaval sem samba. Sei que o carnaval do Brasil é segregado e por ser uma manifestação cultural deveria ser diferente. Sei de tudo isso! Sei do pobre versus o rico! Sei sim...
Não sou hipócrita em dizer que não vejo isso, que não senti isso nesses anos todos em que faço parte. Mas isso vocês sabem, criticam e muitas vezes debocham. Escrevo sabendo que muitos de vocês que acompanham minhas colunas não gostam de carnaval, não gostam, não preferem e não fazem parte do meio. E é por isso que escrevo! Pra que outras pessoas tenham uma visão diferente do habitual, do enlatado consumido. Colocaram na cabeça dos "intelectuais modernos" que carnaval é idiotice da massa, sonho de ilusões baratas, festa da mídia noveleira oportunista, cultuação de corpos globais e motivo para desgraças coletivas brindadas aos goles de álcool e marchinhas bacanas. Não se espantem se eu concordar com tudo isso! Concordo sim!
Só peço uma chance pra mostrar o "Lado Jedi da Força" no carnaval, uma chance pra demostrar a poesia, o sangue que a gente dá pra que você ache tudo isso que escrevi acima sem ao menos ter a ciência de que tem gente honesta, séria e disposta a fabricar sonhos e fazer pessoas felizes.
Deixo aqui meu convite publicado: Espero vocês em meados de Outubro na quadra do Vai-Vai para que eu possa mostrar tudo isso ao vivo... Será uma honra!

"...Em especial à Marcelo Marconde e Dudão (pelo conhecimento, engajamento, dedicação e paixão pelo carnaval)...Tia Clarisse e Tio Joaozão que me fizeram amar o carnaval desde pequeno..."



Sympathy, almost love...
by: Jorge E.

How do you write about passion? The passion for carnival!

This passion that some people have for carnival is something indescribable and imperceptible to lay eyes and ears. I’ll try describing and revealing in words, but to fully understand this you need to be, parade, listen, sweat, dance, feel and part of the greatest show on earth!
My history on carnival validates me. I think. Six times on “Filhos de Gandhy in Salvador, more five years as part of composers on “Vai-Vai” and more one year on “Salgueiro”. But aren’t the numbers but how and why to be and be there. For me carnival is magic, is dream, color, light and feelings. Is transformation and social leveling. You will see the scavenger plays samba with the lawyer. Is being part of something bigger. Is to give yourself and to commit. You hear the stories, the fights, the great samba songs, is a donation carnal and astral.
Carnival to me is all that and much more, is a love story!
You drop commitments, stand in the rain to see a technical rehearsal in Sapucaí, decorate all songs every year, go to all the rehearsal of all school… Know samba, discuss samba, talk about samba and breathe samba.
Who is from carnival know and feel it. I doesn’t matter the where, when and why. We know and we are happy being part of the greatest show on earth.
I have written about the real carnival, about the struggle of good against the evil in bad blocks, ropes that drive away people and carnival parties meaningless. I wrote about drugs in student marches in carnival and about carnival without samba. I know that the carnival in Brazil is segregated and for a cultural festival should be different. I know all this! I know about poor versus rich! Yes I know...
I’m not a hypocrite in saing that I don’t see it, that I don’t feel it in all this years. But this you know, criticize and often mock. I write knowing that many of you that follow my column don’t like carnival, don’t like and don’t be part f it. And that’s why I write! To other people have a different view of the usual.
Placed in the head of the “trend setters” that Carnival is the mass idiocy, cheap illusions and a party bought by media. Do not be surprised if I agree with all that! Yes I agree!
I only ask for one chance to show the good side of all this in carnival, one chance to demonstrate the poetry, the blood that we gave, to show that have honest an serious people working to build dreams and make people happy.
I live here my invitation: I hope you in October at Vai-Vai to show you all this live… Will be a honor!

In special to Marcelo e Dudão ( for the knowledge, commitment, dedication and passion for the carnival).. Aunt Clarisse and uncle Joãozinho that mae me love carnival since I was kid…”