A América Latina que eu Vi! Não tem o Brasil
Por: Jorge E.
Revisado por: Monalisa Pontes
Tradução: Andrea Limeira
O Sr. Guevara de La Sierna em sua viagem de motocicleta pelo continente não passou pelo Brasil! Foi roteirizada, para somente passar por países que falam a língua espanhola.
Realizei algumas viagens que na minha opinião foram muito vantajosas no que diz respeito a meu conhecimento sobre a América-Latina.
Tenho uma tese hoje que achava loucura defendê-la anos atrás, tenho quase certeza que o Brasil não faz parte da América-Latina ideológica, faz parte da Geografia isso é lógico, mas da cultura e idéias de uma América-Latina unida? Disso eu tenho certeza que não faz.
Fui a três países distintos: Argentina, México e Cuba. Todos eles com características bem diferentes, povos bem diferentes e no caso de Cuba um sistema político e social totalmente oposto ao resto do mundo.
Nos três eu vi a força de um Mártir, de uma luta armada contra algum país qualquer que julgou ser superior. Uma guerrilha cravada no peito, um orgulho ao símbolo, ao país, a história que impressiona e marca a América Latina. Na Argentina apesar de você já ir com a impressão de estar indo na casa do inimigo, eu vi um povo (pelo menos os jovens que parei pra conversar nas praças, nas ruas e bares) muito legal, engajado, político, sabem da pobreza, sabem da miséria do povo excluído, sabem da história de Che e de personagens de seu País, conhecem poetas do Chile, sabem do Uruguai, discutem sobre as Malvinas, recebem as notícias de todos os países da América Latina.
Na TV eu pude ver notícias sobre o Panamá, Costa Rica, coisa que eu nunca tinha visto aqui no Brasil. No México também, notícias sobre Cuba, Haiti, Nicarágua, sobre Sub. Com. Marcos, sobre a América Latina, as pessoas falam sobre Emiliano Zapata com brilho nos olhos, não apóiam muito o ELNZ, mas sabem o porque, o que querem, o que fazem e sempre informados sobre a América Latina. É impressionante! As TVs tantos Argentinas, Mexicanas e até a Tv estatal Cubana falam entre si... E nenhuma notícia do Brasil, quer um exemplo? Eu estava no México e vi uma matéria sobre uma greve em Bogotá. Sabe quando isso passa aqui? Nunca. Outra coisa que descobri na pele é que sendo brasileiro, sua carapuça de turista cresce, você se destaca, você não é imune, sempre vai ser o destacado e não o comum! Isso quando você vai conhecer o real, não estou falando em você fazer um pacote da CVC e fazer um City Tour na cidade, aí você sempre será turista!
Outra coisa que percebi é que a única coisa que pessoas ligadas ao Ativismo mundial sabem e perguntam do Brasil são relacionadas ao Fórum Social Mundial, favelas do Rio e o que o resto não ativista quer saber é sobre carnaval, mulher e sexo.
Triste eu diria, o Brasil não é rota de nenhum “suíço” ativista (se existir algum) que deseja fazer uma viagem pela América Latina. O Brasil é um país que precisa resgatar seus Mártires, seus Pastinhas, seus Antonios Conselheiros, seus Zumbis e tirá-los da marginalização em que se encontram.
Triste ninguém conhecer um projeto como Palmares. Uma obra como a de mestre Pastinha. E ninguém sabe mesmo, é fato! Brasileiro mesmo sabe muito pouco, imagine os Afro-latinos do mundo.
Fora uma coisa bem típica do Brasileiro Rico, achar que é superior... Isso sim é o fim!
Sabe, vou confessar uma coisa pra vocês, as piores pessoas que encontrei na Argentina, México e Cuba não foram os Argentinos, os Mexicanos e nem os Cubanos, foram os brasileiros que se achavam os superiores e queriam esnobar o resto do povo. Um bando de pessoas sem cultura, que estão ali simplesmente pelo status de ter se banhado no mar do Caribe ou ter ficado no Meliá de Varadero, ter feito um cruzeiro até Cancun no México, ou ainda, ter ido a Argentina pelo simples prazer de levar um vinho caríssimo feito na França (mas comprado na Argentina).
O Brasil está para a América Latina assim como os Morros e Favelas estão para o Rio de Janeiro. Um amontoado de “coisas ruins" encostados nos “melhores” lugares.
Se eu fosse Guevara também não iria até o Rio de Janeiro não nessa sua viajem de moto. Se ele fosse para o Rio com certeza não iria ter se transformado em um Símbolo do Ativismo, mas sim em um freqüentador do Posto 9, sem expressão nenhuma no mundo!
The Latin America that I saw didn’t have the Brazil…
by Jorge E.
Mr. Guevara de La Sierna in your motorcycle trip across the continent hasn’t passed to Brazil. It was scripted to pass only on countries that speak the Spanish language.
In my opinion some of my travels contributed greatly to my knowledge about Latin America. Today I have some theses that I thought it was madness to defend year ago.
Now I’m pretty sure that Brazil isn’t part of Latin America’s ideological. It is part of the geography of course, but of culture and ideas of a united Latin America, I’m sure that is not.
I went to three different countries, Argentina, Mexico and Cuba. All of them with very different characteristics, different people and in case o Cuba, there is a political and social system opposed to the rest of the word.
In the three countries I saw the strength of a Martyr, an armed struggle against some country that he judge to be superior. A fight carved in the chest, a symbol of pride, for the country, the history that impresses and mark the Latin America.
In Argentina, although you go with the impression of going to the enemy’s house, I saw a nation (the young people that I stopped to talk in the squares, streets and bars) very nice, committed, political, know about the poverty, know the misery of excluded people, they know Che’s story and know about the characters from his country. They know the poets from Chile, they know about Uruguay, discuss about the Maldives, receive news about all countries of Latin America.
On TV I could watch the news about Panama and Costa Rica. Something I had never seen here in Brazil. In Mexico the same thing, news about Cuba, Haiti, Nicaragua, about Sub. Com. Marcos, and Latin America. People talk about Emiliano Zapata with admiration, most don’t support the ELZN, but they know why, what they want and what they do. And always are informed about Latin America. It’s amazing!
The Argentine’s, Mexican’s and even the Cuban’s TV talk to each other and no news about Brazil. What an example, I was in Mexico and I saw a new about a strike in Bogota. You know when this show here? Never. Another thing I found is that you like a Brazilian tourist you stand out, you’re not immune, and you always will be a tourist and not an ordinary people. This when you go there to know the real place. I’m not talking about you do a package from a travel agency and make a city tour in the city. In that way you will always be a tourist!
Another thing I noticed was that the only thing that people who are connected to the Global Activism know and ask about Brazil are things related to World Social Forum, the slums of Rio and the rest that is not activist wants to know about Carnival, woman and sex.
This is sad. Brazil is not a route of any “Swiss” Activist (if there are any) that wants to travel across Latin America. Brazil is a country that needs to redeem the Martyrs, like Pastinhas, Antonio Conselheiro, Zumbi and take them of the marginalization in which they are.
Sad is anyone know about a project like Palmares. A work like the master Pastinha. And nobody knows it, is a fact! Even the Brazilians know a little bit, imagine the Afro-Latinos of the world.
Something very typical of Brazilian rich is to fell superior. This is the end! You know, I’ll confess something to you, the worst people I met in Argentina, Mexico and Cuba were not the Argentines, Mexicans and even the Cubans, it was the Brazilians who thought they were superiors and wanted to upstage the rest of the people.
A bunch of illiterate people, who are there simply for the status of being in Caribbean Sea or stayed at the Melia Varadero. Or have made a cruise to Cancun in Mexico. Or have gone to Argentina for the simple pleasure of taking an expensive wine made in France (but bought in Argentina).
If I was Guevara I would not go to Rio de Janeiro on this motorcycle trip. If he went to Rio for sure he would not have turned into a symbol of activism, but a frequenter of the Post 9 without any knowledge of the world.
